quarta-feira, 27 de abril de 2011

Charles e Diana: o conto de fadas que se tornou pesadelo


Desde que o príncipe William, da Inglaterra, anunciou seu noivado com a plebeia Kate Middleton, com quem namora há oito anos, o enlace é tratado pela imprensa – e pelos britânicos – como “o casamento do século”. O mesmo adjetivo era usado em 1981 para tratar do casamento de Charles e Diana, pais do príncipe. E, de fato, a festa do primogênito da rainha Elizabeth foi um evento para ficar na história. Um bilhão de pessoas em mais de setenta países acompanharam a cerimônia pela TV, no dia 29 de julho de 1981. O que parecia um conto de fadas, porém, terminou em lavagem de roupa suja em público, depois que o caso de Charles com Camilla Parker-Bowles, uma mulher casada, veio à tona. Os dois se separaram em 1992, após uma sequência de escândalos que alimentaram os tablóides de todo o mundo. O divórcio foi assinado em 1996.

Pressionado pelos pais, o príncipe Philip e a rainha Elizabeth II, Charles viu-se obrigado a se casar no início dos anos 80. Ele desejava apenas uma moça da nobreza, capaz de gerar herdeiros para a coroa e, de acordo com tradições anacrônicas para a época, virgem. Doze anos mais jovem do que o príncipe de Gales, lady Diana Spencer preenchia todos os requisitos. Com uma infância marcada pelo divórcio traumático dos pais e uma educação deficiente numa típica escola para dondocas de sangue azul, ela se viu realizando, em 1981, o antigo sonho que a leitura de romances água-com-açúcar lhe incutira: casou com um príncipe, em uma cerimônia de conto de fadas televisionada para todo o mundo. Ao escolher a noiva, Charles obteve aprovação até mesmo de seu verdadeiro amor, Camilla Parker-Bowles, que se tornaria onipresente na vida do futuro casal, e com quem se casaria em 2005.
Durante os primeiros anos de casamento, Charles e Diana nunca demonstraram insatisfação com a união – em público, ao menos. Pelo contrário, pouco após o enlace, a princesa engravidou de William, nascido em 1982. Dois anos mais tarde, lady Di deu à luz o príncipe Harry. Desde o início do casamento, porém, uma diferença ficou bastante clara entre o casal: Diana batia Charles em popularidade. Em desfiles e eventos ao ar livre, o público tentava se aproximar dela, não do marido. Em sintonia com as massas, os fotógrafos buscavam a melhor imagem da bela princesa e quase ignoravam o príncipe orelhudo. E a capacidade da “princesa do povo” de encantar as multidões ganhou ainda mais força com seus trabalhos sociais. Nobre também na alma, Diana emprestou sua fama a causas humanitárias, como a campanha contra minas terrestres que matam e aleijam civis em zonas conflagradas da África.
A crise conjugal, porém, não tardou a tornar-se pública. Já em 1987 os jornais britânicos revelavam a infelicidade de Charles e Diana com a união – e as suspeitas de que ambos mantinham casos fora do casamento. O festival de baixarias ganharia força no início dos anos 90, com direito à confissão de infidelidade das duas partes, em programas de televisão. Ao admitir o adultério, Diana conseguiu aumentar ainda mais sua popularidade revelando em frente às câmeras o quanto Charles a fazia infeliz. Em 1992, foi a vez do príncipe dizer na TV que mantinha um caso fora do casamento – confissão que contou com uma recepção muito mais dura da opinião pública.
A dissolução do casamento foi um verdadeiro evento de mídia – conduzido, é claro, por Diana, em entrevistas escandalosas nas quais reclamava da indiferença do marido e da hostilidade da família real. Quando a ruína do casamento real começou a vir a público, as reações foram quase unânimes. Como Charles poderia rejeitar aquela doce beldade em flor? Pior ainda, voltar aos braços de Camilla, a amante mais velha, mais enrugada e definitivamente menos esbelta do que a princesa que tinha o mundo a seus pés? A exposição da vida íntima do casal chegou a extremos. Descobriu-se que as crises começaram antes mesmo do casamento: com a bulimia de Diana, agravada pelo caso nunca encerrado de Charles a Camilla, e a falta de apoio da família real à princesa.
Se o amante de Diana, James Hewitt, escreveu um livro sobre o seu caso com a princesa, o príncipe Charles não ficou devendo em baixarias. Em um grande escândalo para a época, ele teve reveladas fitas em que confessava à amante seu desejo de ser o absorvente íntimo de Camilla. Tanta confusão irritou a rainha Elizabeth, que precisou vir à publico exigir o divórcio do casal, assinado em 1996. Com o casamento desfeito, Diana perdeu o título de “Sua Alteza Real”, uma vingança da rainha, que nunca aprovou a princesa rebelde.
Diana morreu no ano seguinte ao divórcio, em um acidente de carro num túnel de Paris, no começo da madrugada do dia 31 de agosto de 1997. A morte aos 36 anos, no auge de sua beleza e graça, congelou no tempo a aura encantada de Diana. O fim trágico deixou, para sempre, a imagem da princesa como vítima: de um marido indiferente e da insuportável família dele, da imprensa sensacionalista que não lhe dava sossego (e que ela manipulava quando precisava) e por fim da mão cega, incompreensível do destino, que a levou justamente quando parecia tão feliz ao lado do namorado, um playboy simpático sem grandes objetivos na vida a não ser torrar a fortuna do pai. O enterro de Diana foi assistido pela televisão por, estima-se, 2,5 bilhões de pessoas — mais do que o triplo do público planetário que havia acompanhado seu casamento 16 anos antes.

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