Os imóveis comerciais numa região nobre de São Paulo tiveram a maior valorização do mundo em 2010 — mas essa euforia dificilmente se repetirá a partir de agora.
Prédios comerciais na Vila Olímpia, em São Paulo: para os investidores estrangeiros, o mercado imobiliário brasileiro é o mais atrativo entre os emergentes.
Nos últimos anos, a rua recebeu uma série de lojas de marcas chiques, como Louis Vuitton, Armani, Cartier, Diesel e Ermenegildo Zegna. Muitas vão para lá porque a rua Oscar Freire, o mais tradicional centro de varejo de luxo da cidade, já está saturada. Para completar, a chegada das grifes foi acompanhada por prédios comerciais e residenciais de alto padrão. Um deles abriga possivelmente a maior concentração por metro quadrado de donos e executivos de empresas que abriram o capital nos últimos anos. É o edifício neoclássico L’Essence, na parte de baixo da ladeira, a mais valorizada, onde moram Edson Bueno, dono da operadora de planos de saúde Amil; Geraldo Rocha Melo e Samir José Kalil, ex-controladores da Medial; Laércio Cosentino, fundador e presidente da Totvs; e Wilson Roberto de Aro, diretor financeiro do banco PanAmericano até a descoberta do rombo bilionário na instituição, em dezembro de 2010. Subindo a ladeira, áreas ainda ocupadas por residências e lojas mais modestas começam a dar lugar a empreendimentos mais ambiciosos. A seis quadras do L’Essence, perto da avenida Paulista, está sendo erguido o prédio de escritórios Haddock Office. As construtoras nem conseguiram fazer o lançamento oficial do projeto. Antes disso, investidores já haviam reservado todo o prédio. “Não sei de nenhum outro terreno à venda na rua. Se você souber, me avise”, diz Charles Nader, da Lindencorp, empresa responsável pela incorporação.
O fenômeno Haddock Lobo é um aspecto glamouroso do boom imobiliário que se alastrou pelo país nos últimos anos, com especial força em 2010 — quando os preços subiram vertiginosamente, sobretudo nas grandes capitais brasileiras. Em São Paulo, apartamentos de classe média na zona sul valorizaram 269% nos 12 meses do ano. No Rio de Janeiro, a média dos aluguéis de imóveis comerciais aumentou 47%, segundo a Cushman, o que colocou a cidade na quarta posição do ranking mundial de aluguéis mais caros, atrás de Hong Kong, Londres e Tóquio. Na orla do Leblon, enfileiram-se exemplos das alturas a que o mercado imobiliário tem sido capaz de chegar. Poucos ficam sabendo das transações milionárias, cercadas de sigilo, mas um levantamento feito por EXAME com corretores mostrou que um apartamento de luxo no bairro mais valorizado do Rio de Janeiro pode custar mais de 40 000 reais o metro quadrado.
Nenhum comentário:
Postar um comentário